Viva e deixe viver...

Viver é como estar constantemente no "país das maravilhas", por isso estou sempre no limite da razão, porque a vida é bela, insana e incerta, e como diria um cantor: " depende de como você a vê..."

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A menina que roubava livros

Qualquer um que me conheça, e nem precisa conhecer muito, sabe que amo livros. Em menos de um ano, troquei minha estante três vezes por cederem com o peso dos livros. Pois não basta que seja livros, é preciso que sejam físicos, digo isso, pois atualmente virou moda e-readers, tablets e etc, cumprirem a função de livros. Não tenho nada contra a tecnologia, inclusive tenho um e-reader (mais livros disponíveis), mas amo o peso do livro, o cheiro do livro, a sensação de virar a página. Tem muitos autores e livros que são caros ao meu coração, daqueles que não empresto, não dou e não vendo (mentira, super empresto! Acho que o conhecimento deve ser compartilhado, divulgado e ampliado). Tudo isso para dizer que o livro: A menina que roubava livros tem um lugar no meu coração que jamais poderá ser ocupado por outro livro.
Engraçado que comprei o livro por causa da capa (tá bom, sei que nunca se deve julgar um livro pela capa, mas julguei #soudessas), fiquei imensamente intrigada pelo fato de ser uma história contada pela morte, pelo próprio título que me chamou atenção. E ficava sempre pensando: por que raios uma menina roubava livros? No fundo, até entendia ela, mas fiquei curiosa para entender o por quê.
Ao ler o livro, descobri que era ambientado no nazismo (segundo ponto que ganhou comigo), que ela não sabia ler, mas que as palavras a fascinavam (terceiro ponto), que ela escondeu um judeu (aqui ela ganhou vários pontos, a essa altura vou parar de contabilizar) e principalmente que as palavras salvaram sua vida. Os livros sempre me proporcionaram fascinação e sempre foram meus melhores amigos quando criança. Tenho dois irmãos mais velhos que eu, nunca tive irmãs. Aprendi a ler muito cedo para suprir a falta de outras crianças com as quais eu pudesse brincar, desde então, os livros tornaram-se meus amigos, meu prazer secreto, meu refúgio. É claro que super entendia a menina que roubava livros, nos livros ela podia refugiar-se longe de toda a insanidade humana, longe daqueles que detinham o julgamento supremo, que  se nomeavam senhores da justiça e decidiam quem vivia e morria. Como não amar alguém que sabe que as palavras tem poder e não digo isso, no sentido do provérbio, mas no sentido amplo do qual abstrai-se a noção de que somente através da educação, da disseminação do conhecimento é possível diminuir um pouco o abismo da intolerância. Ok, sou meio nerd! Mas o que esperar de alguém que leu Nietzsche aos doze anos de idade?!
Eu senti de verdade e inteiramente toda a dor da menina que roubava livros e chorei loucamente sobre o livro. Importante ressaltar que li há muito tempo, quando lançou por aqui no Brasil. E era desses livros que todo mundo que eu via, quer quisesse saber ou não, dizia para ler o livro, que isso era imperioso, pois o livro era fantástico. Claro que a forma como o livro me tocou, dizia mais sobre mim do que sobre ele, mas isso não vinha ao caso.
Quando anunciaram o filme, pensei: preciso ver. Em janeiro desse ano estreou e fiquei maluca para assistir, no entanto, minha vida tem estado muito louca, mas muito mesmo. E, infelizmente, não tenho conseguido organizar o que quero e o que preciso. Tentei diversas vezes e não consegui assistir até uma semana atrás que tive uma folga e tratei de me descambar para o cinema mais próximo. Quando entrei na sala de cinema, a emoção era tanta que eu chorava descontroladamente, antes de iniciar a cena X eu já estava me debulhando em lágrimas, o motivo? Simples, o filme era tudo que esperava do livro. Quando dava sinal das próximas cenas, a imagem que criei ao ler o livro me assolava e as lágrimas já desciam anunciando o que estava por vir. 
Sim, sou chorona pra caramba com livros, filmes e séries, me apego aos personagens, entendo que a história de Liesel Meminger precisava de todo o sofrimento, assim como entendo, mas não aceito o sofrimento da Arya em GOT, #soudessas. 
A menina que roubava livros, cujas palavras salvaram a vida, não merecia tantas provações. Era apenas uma criança lidando com a vida, mas quantas crianças não existem assim? Que apenas lidam com a vida, todos os dias e que igualmente não merecem tais provações. E sim, eu chorei, chorei por todas as crianças, cujas histórias não foram contadas, mas que estão silenciosamente incluídas e cuja saga de não ser enxergada repete-se todos os dias em todos os países do mundo.
A menina que roubava livros foi apenas mais uma sobrevivente da estupidez humana (sei que não é real, só estou divagando a respeito).

Assistam o filme, leiam o livro, reflitam sobre ele. Ganha tantas estrelinhas e coraçõezinhos na minha tabela de adoração que parece até exagero.